Nas semanas que antecederam a Semana da Leitura, esteve aberto o concurso de Escrita Criativa subordinado ao tema "Portugal, 2320". Foram apresentados quinze trabalhos a concurso, dois do primeiro ciclo e os restantes do terceiro ciclo.
O júri apurou como vencedoras as alunas Joana Isabel Mendes, do 3º ano da Escola E.B.1 de Santa Isabel e Ana Carolina Noronha do 8º A da Escola E.B. 2,3 de Souselo.
Todos os alunos receberam um certificado de participação e às vencedoras foi atribuído um livro como prémio, entregue no Sarau Cultural do dia 21 de março.
Parabéns a todos os participantes, em especial às vencedoras!
Eis os trabalhos premiados.
O Robô Body K.
Olá! Sou o Body K.
vou-vos falar um pouco de mim. Sou um robô e presto serviço às crianças, sou
uma espécie de ama, de amigo.
Sou
eu que de manhã acordo a minha amiga Yasmin. Todas as manhãs preparo um
delicioso pequeno-almoço cheio de cenoura, iogurtes gregos e pão. Um
pequeno-almoço cheio de vitaminas e minerais.
Sou
eu que levo a minha amiga Yasmin para o centro de estudo, para o ginásio, ao
restaurante e a muitos outros locais onde ela costuma ir diariamente.
Quando
a deixo num destes locais eu vou carregar as minhas baterias ao sol onde falo e
brinco com os meus amigos robôs.
Por
falar em sol, sabiam que em Portugal só existem duas estações do ano: primavera
e verão. Hoje é dia 7 de Novembro de 2320, são 10 horas da manhã e estão 38º.
Agora
os seres humanos usam um fato chamado “sol de raio” que os protege dos raios
solares.
Eu
consigo também ir à lua, à saturno e à Júpiter.
Os
humanos agora passeiam num pavilhão onde as flores e as árvores crescem sem
serem poluídas e estragadas.
Não
sei se vos disse que a minha amiga Yasmin tem um gato e um cão que têm muitos
ciúmes de mim, porque os animais já não são os melhores amigos das pessoas são
sim os robôs, os amigos de toda a gente.
Quase
me esquecia de dizer que a minha amiga Yasmin mora numa grande cidade onde há
prédios, shoppings, mas não há poluição apenas ar puro porque os carros
funcionam a ar, ao sol, ao luar, a chuva e a neve.
Bem!
Agora vou vos contar uma coisa impressionante, os cientistas descobriram como pôr
os meus amigos robôs, os sofás, as cadeiras, as mesas e muitas outras coisas a
voar.
Agora
as pessoas compram a comida e o vestuário através da internet.
Os
livros agora aparecem em mesas como se fossem tablets gigantes.
Há!
Nem dei pela hora passar, tinha mais para vos contar, mas está na hora de ir
ter com a minha amiga Yasmin.
Adeus
Rosário
Joana Isabel Mendes, Escola E.B. 1 de Santa Isabel
Eu, Robô
01 de agosto de 2320
Querido diário,
Levantei-me. Naquela
altura estava sozinho em casa. Decidi então pegar no meu diário virtual e
escrever… Era um dia solarengo, estávamos em Portugal no verão de 2320.
Os meus pais e a
minha irmã costumavam dizer-me que eu era especial. Eu não achava isso. Porém,
sendo um robô, não precisava de tomar banho, não necessitava de comer aquelas
barras nutritivas que o resto da família comia e dispensava o sono pois ao
fechar os olhos, de noite, conseguia continuar a sentir tudo à minha volta.
Outra das minhas diferenças era o facto de eu não precisar de usar aquela
máquina com um scanner que retirava todas as doenças. Lembro-me de uma vez a
minha irmã ter estado com uma grande constipação mas um minuto depois já estava
como nova. Em relação a tudo o resto eu era perfeitamente normal. Amava toda a
minha família, tinha medo que os monstros me atacassem de noite, adorava brincar
e sorrir, detestava chorar e estar triste… Em resumo, era um robô com sentimentos!
Como estava sozinho
comuniquei logo com a minha mãe que naquele momento estava a trabalhar. A sua
imagem formou-se em ponto pequeno no meu pulso. Era tão engraçado vê-la tão
pequenina! Ela disse-me que chegaria cedo a casa mas antes ainda ia passar pelo
supermercado. Eu gostava de ir ao supermercado: ver todos aqueles produtos e
depois, no fim era só sair e deixar o dinheiro respeitante à conta final,
exibida num pequeno ecrã, numa espécie de mealheiro antigo mas muito mais
pesado para evitar os roubos. Como a minha mãe também me recomendou, fui medir
os meus sentimentos: estava a precisar de brincar.
Dirigi-me então para
a sala da realidade virtual. Eu não precisava de usar um capacete para entrar
dentro do jogo que me apetecesse. Apenas precisava de ligar um cabo muito fino
à minha cabeça.
Em Portugal havia
poucos como eu. Em comparação com as outras crianças, no aspeto físico, eu era
igual. Médio, de cabelo castanho e olhos esverdeados lá estava eu na escola.
Uma diferença é que os meus exames feitos todos os meses, a todas as
disciplinas, eram mais complexos pois eu tinha a capacidade de reter a
informação mais rapidamente.
Um dia, quando estava
na escola, na disciplina de história, vi imagens das cidades de antigamente. O
nosso país tinha evoluído tanto! No século XXI, precisamente há dois séculos
atrás, os países concorriam para ver quem tinha o maior arranha-céus. Agora, as
cidades eram invertidas, ou seja, construíam-se para baixo da terra. Abriam-se
buracos enormes e, a partir daí, eram construídos os edifícios. Aprendi também
outras coisas em relação ao passado do meu país. Por exemplo em relação ao
vestuário agora posso dizer que era muito rudimentar. Os antepassados vestiam
muitas peças de roupa e casacos quentes no inverno e roupas frescas no verão.
Agora, nós vestimos um único fato térmico que é quente no inverno e fresco no
verão. Podemos escolher e usar uma cor ou padrão diferente todos os dias.
A capital de Portugal
que em tempos fora em Lisboa agora é em Faro apelidado agora de “Faro XXIV” no
Algarve pois esta é a região mais conhecida e apreciada pelo universo. O
imperador, que substituiu o Presidente da República, até criou umas plataformas
no mar do sul do país, idênticas a ilhas paradisíacas, que são muito
convidativas aos turistas de todo o mundo e que permitem umas férias aquáticas
de excelência. O rio Douro é também muito bem aproveitado. Eu adoro ver, logo
pela manhã, os seus imensos barcomóveis tanto os de turismo como os de
trabalho. É uma boa via de comunicação com os seus hotéis sofisticados
suspensos nas margens verdes.
Quando consegui
completar mais um nível do jogo, a minha irmã já estava em casa. Ela já tinha
licença de aeroplanadora e estava a chegar da faculdade na sua viatura que
plana e que é muito ecológica uma vez que é movida a ar. Antes de a obter ela
ia para a faculdade em viaturas públicas no grande carril aéreo com sentido
norte-sul. Ela era muito inteligente e bela. Costumava ensinar-me coisas sobre
o universo e como era muito maior do que o meu país. Certa vez ela contou-me
que já havia pessoas, há muitos anos, a viver em Marte, o nosso planeta
vizinho. Os mais ricos fugiam da Terra em busca de aumentar os seus horizontes,
melhorar a exploração científica e devido também a questões financeiras.
O meu pai estava no
estrangeiro em trabalho. Eu sentia muito a falta dele, de o abraçar. Eu via-o
todos os dias projetado num canto da sala e seguia-o minuto a minuto, se
quisesse. Era também um holograma mas maior do que o que eu usava para
comunicar. Eu falava com ele e ele respondia-me. Por vezes até dava por mim a
pensar em como seria tão bom que existissem aquelas máquinas de teletransporte
utilizadas noutros países do mundo que continuavam mais desenvolvidos que o meu.
Assim, eu poderia estar com ele, fisicamente, todos os dias e visitar todos os
sítios que me apetecesse controlando apenas com a minha voz. Mas era uma
máquina caríssima.
Já
agora gostava de viver, nem que fosse por momentos, no passado. Sei que não
poderia alterar nada porque mudaria o curso da história. Mas ouvir falar de
Lisboa, de auto- estradas, de praias, de mar, de futebol, de alimentação de
faca e garfo, de automóveis, de hospitais e tantas outras coisas, dá-me curiosidade
de ver como era… Seria mais simples? Seria mais complicado viver daquela
maneira? Seria mais feliz? Por falar nisso, comecei agora a ler a História
Antiga de Portugal. Até amanhã!
ANILORAC
Ana Carolina Noronha, 8º A, Escola E.B. 2,3 de Souselo
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